sábado, 30 de março de 2013

Portas abertas pro iphone

O canal Porta dos Fundos é uma espécie de Cinquenta tons de cinza do humor na internet: várias iniciativas surgiram a reboque do enorme sucesso que essa turma egressa do stand up comedy está fazendo na rede. Ok, fui injusta: a qualidade do Porta é bastante superior à do livro (que me perdoem os fãs). Com piadas rebuscadas, texto redondo e ironia afiada (além de uma produção quase em escala industrial e boas atuações), a ideia decolou. Eles marcaram mais um gol recentemente ao lançar um app para iphones, que permite acessar os vídeos com mais facilidade pelo celular. Nada mais coerente que um produto feito para a web saber explorar de forma inteligente as redes móveis, em plena expansão. Ficamos à espera da versão para Android.


Cenas de "Mulheres" (Reprodução/Youtube)



Baixe aqui o aplicativo do Porta dos Fundos para iOS: https://itunes.apple.com/br/app/porta-dos-fundos/id621569248?mt=8


quarta-feira, 27 de março de 2013

A primeira crise a gente provavelmente nunca esquecerá

Foi bastante inesperado constatar que, ao reciclar um vídeo pré-histórico na postagem de ontem, acabei dialogando com uma matéria publicada hoje no New York Times. Se você lê em inglês, vale a pena se esforçar para entender o artigo de Annie Lowrey. No texto, a repórter expõe um fenômeno notado com mais vigor nos Estados Unidos e Europa, territórios desde 2008 mais castigados pela crise econômica. A constatação é de que a geração Y ou millenials vem se deparando, pela primeira vez, com a necessidade de controlar gastos. Algo que os pais dos baby boomers, ou nossos avós, sabem bem o que é, já que atravessaram tempos de guerra e racionamento.


 Ilustração: Jasper Rietman/NYT


Para nós, a prova de fogo é ainda maior. As ideologias, esvaziadas, foram substituídas em parte pelo materialismo. Um iphone, mesmo quen ninguém admita isso, é um objeto de desejo, um ideal que literalmente compramos e ostentamos por aí, como a geração X fazia com os ideários políticos (esquerda ou direita).

Mas se não podemos mais vestir a camisa da gastança como antes, o que fazemos? Não somos uma geração de crianças birrentas. Nos controlamos, poupamos os primeiros salários, topamos aquele emprego que nos dá dinheiro e estabilidade, mas não necessariamente a visibilidade e o prazer que nossa natureza pede.

Verdade que essa tendência ainda é, repito, mais observada nos gigantes que levaram os maiores tombos com a recessão. O sonho americano, talvez repaginado e não exibido como tal (que é tão old fashioned) está doente, mas isso não é necessariamente ruim. Se os jovens de países desenvolvidos encararem o fato de que vão ganhar menos que os pais, e trabalhar mais, afinal viverão mais, talvez o foco mude. Pode crescer uma espécie de minimalismo que abre espaço pra realização imaterial, guardadas as devidas proporções. A sustentabilidade nas relações sociais e econômicas pode ser uma saída. E quem for mais criativo e talentoso vai abrir a porta primeiro.


terça-feira, 26 de março de 2013

All work and all play



Muitos de vocês já devem ter visto esse vídeo – um dos queridinhos nas redes sociais há um tempo. All work and all play alia uma análise um tanto didática, e talvez redutora, e lindas imagens, provavelmente os grandes alicerces do seu sucesso. 

Exageros à parte, a mensagem do vídeo é válida: vivemos em uma geração onde trabalho e paixão mantém uma relação mais estreita. Ainda assim, provavelmente você ou muitos dos seus conhecidos ainda são norteados pela boa e velha “ambição seca” (“quero dinheiro e vou procurar o caminho menos sacrificante para isso”). Não podemos chamar propriamente de espécie em extinção aquele médico que sonhava em ser ator.

No entanto, a classe média – e cada vez mais gente faz parte dela no Brasil – tem condições de fazer o que gosta em algum momento da vida. Não necessariamente para a subsistência. A web é uma facilitadora nesse sentido: pode-se manter um canal de música onde se compartilha o trabalho de uma banda enquanto estuda-se para uma prova de histologia.


Resumindo: se circunstancialmente nem todos fazem da profissão um canal de realização plena, hoje temos muito mais subsídios e vontade de criar, de expor nossos hobbies e levar uma ideia adiante. O crédito, seja ele em dinheiro ou só em apoio moral mesmo, está mais fácil.

quinta-feira, 7 de março de 2013

A página em branco

Página em branco, tela vazia, plateia que não chegou ainda, lucro 0. Tudo começa do começo. Isso é meio óbvio, mas é justamente ele - o marco zero - uma espécie de monstro que poucos querem encarar. Sim, é preciso vencê-lo. E pra isso, batalhar.

Acho que ainda não ficou claro, então vamos lá: esse blog se destina a narrar o que vem depois do início pra todos aqueles que, com uma ideia na cabeça (e não necessariamente uma câmera na mão), venceram a inércia e empreenderam, criaram, escreveram, montaram. Enfim, é um lugar para falar de boas ideias e seus autores. Iniciativas que não morreram de parto, cresceram e apareceram. Ou estão nesse caminho.

E a autora dele? É Carina, 21 anos, estudante de jornalismo da PUC. Preciso dizer que escolhi essa profissão por ter que me deparar diariamente com a página em branco? Mas o que não tem preço (e é bom que não tenha mesmo, afinal não podemos esperar um salário de executivo do Google) é aquela sensação de olhar para ela algumas horas depois e pensar: é, ganhei de você.